Translate

domingo, 17 de fevereiro de 2013

2. Mentiras políticas sobre a dívida... e a realidade

 
A dívida do estado português, em meados de 2011, era metade da dívida privada_grandes empresas e banca.
A ameaça de bancarrota pesava sobretudo sobre a banca e as grandes empresas privadas, que ficaram sem crédito internacional. 
Em 2011, a Grécia, diabolizada pela propaganda  liberal, era  afinal o país com  menor taxa de dívida face ao PIB e a Irlanda conservadora, apresentada como modelo da via austeritária, era afinal a única que apresentava um rácio elevado.

A dívida do estado representava, no final do 1º trimestre de 2011, 79% do PIB, mas a soma da dívida das grandes empresas privadas e da banca privada elevava-se a 183% do PIB, isto é mais do dobro da dívida do estado.
Assim sendo, os diretores e consultores mundias da Mackinsey escreviam neste seu Relatório, publicado já no início de 2012: "Corporations and households in Spain and Portugal have unusually high ratios of debt to GDP, but these countries entered the financial crisis with relatively modest government debt. Despite their differences, all five countries now face high government borrowing costs due to their weak growth prospects."  Pág. 14.
A consultora de mais de 120 países e grandes companhias, com um lugar entre as Top Ten da revista Fortune, classificava a dívida do estado português como "relativamente modesta".
E considerava que "todos os cinco países enfrentam agora os custos elevados dos empréstimos ao governo devido às suas fracas perspetivas de crescimento.“ Ou seja, a austeridade é  causa da subida galopante das taxas de juro dos empréstimos ao estado, conclui a Mackinsey. Sublinhando ainda que a taxa da dívida face ao PIB_Produto Interno Bruto não é a medida do risco da dívida soberana e que são os privados os grandes devedores:
 

"Note that the ratio of total debt to GDP is not a measure of sovereign risk: the majority of total debt in any country is owed not by the government, but by private borrowers. Many other factors beyond the ratio of government debt to GDP go into assessing sovereign risk."

Finalmente, a dívida comparada dos cinco países em crise na zona euro, entre os quais se inclui Portugal, estava afinal muito próximo da média das dez maiores economias ocidentais.
Anote-se, finalmente e segundo a Visão: "...que o ouro que está nos cofres do Banco de Portugal, 382,5 toneladas, serviria para garantir 28% das necessidades de financiamento do País, em 2013 e 2014, aponta um relatório do World Gold Council (WGC). As nossas reservas são as 14.ªs maiores do mundo as maiores em percentagem das divisas que compõem as reservas e as segundas maiores em percentagem do PIB mas a sua utilização está muito limitada. Estamos a falar de cerca de 15 mil milhões de euros em comparação com uma dívida pública próxima dos 190 mil milhões de euros."!
(João Paulo Vieira.Segunda feira, 5 de Novembro de 2012, Revista Visão)
Importa agora  saber como se chegou a este nível de endividamento, mas é importante traduzir o estudo comparado das dívidas não apenas em percentagem do PIB mas também em valores reais. É o que faremos de seguida.
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário