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quinta-feira, 7 de março de 2013

5. Mentiras políticas sobre a dívida... e a realidade

Um plano de transferência da dívida privada para dívida pública, inspirado na política de  austeridade imposta à Suécia e Finlândia nos anos 90.
"The deleveraging episodes of Sweden and Finland in the 1990s are particularly relevant today. They show two distinct phases of deleveraging.
In the first, households, corporations, and financial institutions reduce debt significantly over several years, while economic growth is negative or minimal and government debt rises.


In the second phase, growth rebounds and government debt is reduced gradually over many years."
 















Nos anos 80 estes dois países passaram por uma crise que resultou da expansão  do crédito e da especulação que criaram uma "bolha imobiliária". A política de austeridade orçamental, nacionalização e recapitalização de bancos falidos, a passagem para o estado dos seus "ativos tóxicos",  seguida entre 1990 e 1992 conduziu a que a dívida soberana duplicasse na Suécia e triplicasse na Finlândia, enquanto o PIB baixava 3%.
O setor privado conseguiu em paralelo reduzir a sua dívida, enquanto o PIB crescia na ordem de 1%  entre 1994/96 e a percentagem da dívida pública  continuava a  aumentar;  logo após, os dois países aderiam à União Europeia, benficiando quer do afluxo de capitais, quer da abertura a novos mercados, com o crescimento das exportações na ordem dos 9,4% para a a Finlândia e 9,7% e para a Suécia, muito por força das  grandes companhias, como a Nokia, quer ainda pela estabilização e retoma do mercado imobiliário. Então o PIB elevar-se-ia nos dez anos seguintes a 3%, enquanto a dívida pública, por força de um fortíssima disciplina orçamental, começava um ciclo de redução. Mas, em paralelo, a dívida privada recomeçava a crescer e atingia o valor recorde de 87% do PIB nesses países.
Quando a crise financeira de 2008 atinge a Suécia, este país, que tinha conseguido baixar a sua dívida pública para 45% do PIB, recomeça a espiral da dívida pública.
Ora, todos os fatores negativos que são comuns às duas épocas de crise se mantêm, mas nenhum dos fatores positivos que permitiram o sucesso temporário e relativo deste modelo, se mantém na atual conjuntura:
A recessão geral da União Europeia, extremamente grave na Espanha, o nosso principal mercado, impede o crescimento elevado e consolidado das exportações e estas são compostas maioritariamente por produtos que incorporam baixos níveis tecnológicos e mais-valias.


Fonte: AM&A com base em UE Industrial Structure: Performance and Competitiveness, Comissão Europeia | 2010 |


CGD: A COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA PORTUGUESA Uma breve análise comparada | Julho 2011

O investimento desce vertiginosamente no nosso país. A queda acumulada no investimento total da economia (público e privado) já atinge 36% desde 2009, segundo os dados da Comissão Europeia (CE). É um valor mais elevado do que o que ocorreu nos anos que se seguiram ao 25 de Abril. 
Os fundos comunitários do próximo QREN vão ser reduzidos.
O mercado imobiliário  nacional está bloqueado e em queda de valor, na ordem dos 20% em 2012. Atentem-se nos seguintes números: O número de edifícios destinados à habitação e recenseados em 2011 é de 3.543.595 e o número de alojamentos é de 5.887.991. Os alojamentos de residência secundária  e vagos representam respetivamente 19,3% e 12,5%, o que correspondem a 1.133.116 e 734.000 alojamentos. 
A dívida da banca e empresas privadas, no início do diktat da troika já era demasiado elevada, atingia 178% do PIB, mas a dívida soberana, na época em níveis razoáveis de 79%, com a política de austeridade e de transferência dos encargos da dívida privada para o estado, quase duplicou em apenas dois anos, elevando-se a mais de 120% do PIB!
Mas Portugal é um caso grave que tomou o bom caninho, a Grécia a grande incumpridora, a Irlanda, o exemplo de recuperação, a Alemanha o modelo? E a Itália e a Espanha, o que são? Este discurso político tem fundamento na realidade da economia europeia e mundial? É deste tema que trata o último capítulo.














 




 

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